Quando soubemos que nossa Lorena seria down, e que além de uma cardiopatia ainda tinha ventriculomegalia (problema que, se não corrigido,
habitualmente acarreta a hidrocefalia), fomos procurar o que pensávamos ser o
que havia de melhor na medicina do país. Nessa busca quase insana, deparamo-nos
com a chefe da pediatria do mais renomado hospital brasileiro. E ela não teve
dúvida ao sugerir o aborto. Claro que jamais assassinaríamos nossa filha.
Corremos de lá.
Por um dos vários milagres que nos acompanham desde então,
procuramos dois outros médicos: Dr. Antônio Moron e Dr. Sérgio Cavalheiro. Eles
a operaram ainda no útero, na cabecinha dela puseram um pequeno dreno. E
avisaram: quando nascesse, três dias depois, outro dreno teria de ser
colocado.
Lorena nasceu. Passaram-se os dias e, feitos os exames, não
foi necessário colocar o novo dreno.
Como havíamos sido agraciados poucos meses antes do
nascimento dela com a visita a Paróquia São Sebastião da Imagem Peregrina de
Nossa Senhora de Fátima, fiz a homenagem à mãe de Deus: Lorena passou a
chamar-se Lorena de Maria.
A saga, no entanto, ainda não havia terminado. Faltava a
cirurgia cardíaca.
Todos para Curitiba, para que Lorena de Maria fosse operada por um renomado cirurgião: Dr. Leonardo Mulinari.
A cirurgia foi um sucesso.
Voltamos para Campo Grande. Uma bronquiolite e outra
broncopneumonia depois, Lorena de Maria passa muito bem.
É claro que o trabalho ainda não terminou, mas espero – e
esperamos todos aqui em casa – que a parte mais difícil da estrada já tenha
sido percorrida.
E de tudo o que passamos, uma coisa só tenho a dizer quando
me perguntam como é ter uma filha assim: não sei, nunca parei para pensar nela
senão como minha filha. E se ousarem indagar se valeu a pena, diria que um
único sorriso dela justificaria tudo. Absolutamente tudo.
Ainda bem que, se Deus quiser, seu lindo sorriso nos iluminará por
muitos e muitos anos.
Ps. Agradecemos de coração a todos os que nos ajudaram (e
muito) nessa jornada. Estarão sempre em nossas orações.