Toda e qualquer sociedade é
regida por regras de conduta, que nada mais são do que a cristalização dos
valores que ela toma para si.
No entanto, é claro que
essas regras serão violadas por indivíduos que nem sempre conseguem cumpri-las,
ou que simplesmente as desprezam e não nas seguem.
Em sociedades nas quais os
valores ainda estão arraigados, os indivíduos que deixam de cumprir as normas
procuram esconder as transgressões que cometem, a fim de iludir seus pares,
visando à absolvição social.
Esse comportamento, que
consiste em ocultar suas falhas, em encobrir seus deslizes, caracteriza o
hipócrita.
A despeito de a hipocrisia
ser condenável, se for olhada isolada e individualmente, ela sinaliza que
determinada sociedade ainda mantém as regras que refletem valores acatados pela
maioria das pessoas que a compõem.
Ou seja: a hipocrisia também
pode ser vista como a manifestação de que determinada sociedade detém rígidas
regras, cuja violação acarreta uma séria reprovação moral.
Mas, em sociedades
decadentes, em que não há mais valores por que as pessoas se possam guiar, ou
em que as regras deixaram de refletir os valores acolhidos pela maioria, a
hipocrisia não mais é necessária. Qualquer comportamento passa a ser aceitável.
Qualquer conduta é acolhida como natural.
A escassez da hipocrisia
desvela, então, a queda dos valores sociais.