domingo, 21 de outubro de 2012

Morrer e suceder; morrendo, e lendo

Depois de longo período em que me dediquei a outras coisas, muito mais aprazíveis, tornei a pegar o livro de Giselda Maria F. N. Hironaka.

Deparei-me com a seguinte frase:

”Esse cenário resumia o espírito prático do direito romano e colocava em cheque a própria mitologia posterior, construída em torno do direito romano.” (Morrer e suceder. Passado e presente da transmissão sucessória concorrente. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011, p. 311. O destaque não consta no original)

Fui até o interior da minha casa, peguei uma dose dupla de uísque, retornando ao escritório agora para ler o resto.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Promessas de um jovem advogado –Texto escrito em 14 de novembro de 2003

Não quero parecer, com as palavras lançadas a seguir, um idealista; pois eu sou idealista, e se sabe que há uma grande distância semântica entre os verbos ser e parecer.

A advocacia não é, para mim, uma singela profissão, mas um peso que carregarei por toda a minha vida.

A advocacia é uma carga demasiadamente pesada porque me põe em contato com todas as mazelas do homem: seus defeitos, seus desejos mais mesquinhos, suas aspirações mais torpes e suas cobiças mais desavergonhadas. E no meio dessas mazelas eu devo encontrar a Justiça.

Mas não basta o encontro com a Justiça. Devo demonstrá-la.

Percebo, assim, que o advogado só tem um compromisso: demonstrar a Justiça daquele cuja causa patrocina. Poder-se-me-ia perguntar: mas quando a Justiça não ampara sua causa, o que fará? Se eu acredito que a Justiça não dá encosto à causa, não a pego. E digo mais: o momento da minha opção cinge-se ao contato inicial com a causa, ocasião na qual eu devo aceitá-la ou recusá-la. Uma vez aceita, defendê-la-ei – por dever e ardorosamente – até o fim. A desistência da causa não me é benquista; e não admito a derrota, a não ser que eu me convença do equívoco que cometi inicialmente, ao aceitar a causa perdida.

Ocorre, no entanto, que o patrocínio de determinada causa nem sempre me trará fama. Mas eu pergunto: e daí? Meu compromisso não é com a fama, mormente com a fama abjeta, relacionada à opinião dos sazonais detentores do poder. Meu compromisso – já afirmei e ressalto – é com a demonstração da Justiça que socorre minha causa e meu cliente.

Também não tenho – e isso quero realçar – o interesse na amizade que, supostamente, um cargo teria por mim; mesmo porque cargos não podem ser amigos de ninguém. Procuro e procurarei sempre a amizade sincera de pessoas honestas, principalmente daquelas que são honestas consigo mesmas. Ou, noutras palavras: dos que não buscam parecer; mas ser.

Tenho certeza de que somente levando ao pé da letra essas considerações eu poderei ser feliz na profissão, mesmo que adiante só me reste a companhia da Justiça.