segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Cracolândia

As coisas andam meio complicadas. No caso da cracolândia, em que a Polícia Militar de São Paulo ocupou um espaço público do qual os drogados se haviam apossado com exclusividade, a mídia chic, com o apoio do Ministério Público, da Defensoria Pública e daqueles mesmos padres de passeata de sempre, mete o pau no Governo do Estado. E a mídia chic vem com a ladainha de antes, que não funcionou no Rio de Janeiro, por exemplo: o crack é usado por pobres, por aqueles que foram excluídos da sociedade. Logo, basta que eles sejam re-incluídos na sociedade para que abandonem o vício.
Assim, o Estado seria obrigado a tratar os drogados, dar-lhes casa, comida, roupa lavada e, de acordo com o Ministério Público, até mesmo auxiliá-los a encontrar seus familiares e com estes restabelecer os antigos laços que os uniam.
Tudo muito bonito, tudo muito bom.
Se se parar para pensar no que vai aí, percebe-se um nítido viés elitista: de acordo com esse pessoal, a pobreza degrada a natureza humana a tal ponto que retira do pobre o próprio livre-arbítrio.
O que quero dizer com isso?
Simples: que o pobre, porque pobre, perde a humanidade e não consegue mais gerenciar a própria vida. Precisa, então, dos iluminados da esquerda; até para saber se pode ou não fumar crack.
Não entrarei no mérito da questão, pois demandaria um tempo que hoje não tenho, mas é claro que o raciocínio está completamente errado. Para se chegar a tal conclusão, basta pensar que há muitos pobres, a maioria deles, que vive digna e honestamente; e sem crack.
O que interessa, no caso, é muito simples: por que eu, que nunca fumei crack, tenho de pagar a conta daqueles que se arriscaram a usar drogas? Por que o Estado, com o dinheiro de todos os contribuintes, tem de pagar casa, comida e tratamento para aqueles que usam drogas cujos malefícios são mais do que conhecidos?